sábado, 17 de abril de 2010

Absurdo - Vanessa da Matta




Havia tanto pra lhe contar


A natureza


Mudava a forma o estado e o lugar


Era absurdo






Havia tanto pra lhe mostrar


Era tão belo


Mas olhe agora o estrago em que está






Tapetes fartos de folhas e flores


O chão do mundo se varre aqui


Essa idéia do natural ser sujo


Do inorgânico não se faz






Destruição é reflexo do humano


Se a ambição desumana o Ser


Essa imagem infértil do deserto


Nunca pensei que chegasse aqui






Auto-destrutivos,


Falsas vitimas nocivas?






Havia tanto pra aproveitar


Sem poderio


Tantas histórias, tantos sabores


Capins dourados






Havia tanto pra respirar


Era tão fino


Naqueles rios a gente banhava






Desmatam tudo e reclamam do tempo


Que ironia conflitante ser


Desequilíbrio que alimenta as pragas


Alterado grão, alterado pão






Sujamos rios, dependemos das águas


Tanto faz os meios violentos


Luxúria é ética do perverso vivo


Morto por dinheiro






Cores, tantas cores


Tais belezas


Foram-se


Versos e estrelas


Tantas fadas que eu não vi






Falsos bens, progresso?


Com a mãe, ingratidão


Deram o galinheiro


Pra raposa vigiar

Pela primeira vez no A. A., music made in Brazil!! \o/