Bem recentemente, essa semana mesmo, recebemos a prova do livro já feita no mês passado. Estava ansiosa, muito ansiosa. A professora de português, Roci, a mais severa da escola, é a minha preferida, o que aumentava ainda mais minha ansiedade. Será que tirei nota boa? Será que tirei nota boa? pensava e repensava sem parar. Isso pouco antes dela parabenizar minha melhor amiga e meu colega de classe, Luís, por tirarem as notas mais altas da sala. Leu alguns trechos que haviam escrito e tudo. Claro, naturalmente eu teria ficado feliz por eles, apesar de minha amiga superubermegainteligente ter notas altas como rotina escolar. Mas não foi assim. Senti-me rebaixada, com uma sensação extremamente desagradável no fundo do peito. Além do pensamento Ah, não... por não ter feito como eles (a prova foi dada na última aula, estava com pressa! Digo isso mesmo sabendo que não é desculpa), a inveja amarga veio de presente de mau gosto. Gárgulas, me senti horrível durante os dois períodos. Durante, pela inveja má na entrega da prova, e depois por ver o que eu havia feito! E ainda me sinto ruim por isso! Quando entregaram-me a prova, vi que de 5,0, havia tirado 3,2! Agora passemos para matemática:
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Frustração + Insastifação para com a nota + Uma porcaria de pecado chamado inveja + Tristeza
geral = Lágrimas escorrendo de meus olhos.
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E o pior, é que eu não gosto de chorar! Mas mesmo assim chorei, a mão acidentalmente em concha pequena colada ao meu rosto, para evitar as lágrimas de cairem na avaliação que ainda mantinha em uma das mãos. Chorei em silêncio, com pequenos e curtos soluçinhos, encharcando a mão, a qual parecia haver uma pequena poça d'água. Porém, mesmo assim, uma única lágrima caiu, só não manchando o papel pela tinta de caneta que há muito tinha secado. Meus amigos perguntavam o por quê, mas não conseguia responder. Quando bateu o sinal final e arrumei o material, parti sem sequer conseguir olhar para ela, já tendo parado de lacrimejar e com o rosto seco pela manga da blusa de frio. Tentei esquecer, virei as costas quando passava pela porta da sala numa caminhada, quando a vi sair para evitar encará-la. Mas não foi por ira. Foi por vergonha de ter chorado em plena aula dela. Sem contar que tenho a terrível mania de tentar agradá-la desde o começo do ano, quando mudei de colégio.
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No dia seguinte, Fabiana, uma amiga muito maluquinha e sobrinha da professora, falou que ela, Roci, queria falar comigo naquele dia. Fiquei ainda mais branca naquela hora. Ah não, agora ferrou tudo e não preciso nem dizer que a partir daí fiquei muito nervosa. Ai caramba, por que raios ela tinha que me contar?! Então, depois do recreio, chegou a bendita aula. O tempo todo, evitei o máximo olhar para ela e aqueles olhos, que, pela madrugada, pareciam que furavam os meus só de vê-los por um segundo! Durante um tempinho, torcia para que ela esquecese, mas depois, enquanto minha amiga ameaçava ir lá lembrá-la (a professora estava passando pelas carteiras carimbando o dever de casa), falei que ela poderia se quisesse, pois decidira ter essa conversa mesmo. Bem, ela não foi por que era brincadeira, mas mesmo assim, a docente veio até minha carteira e perguntou se estava brava com ela, sorrindo. Sorrindo. Têm ideia de como isso é raro? Logo depois falou que queria falar comigo mais tarde, pouco antes da Fabi dizer que eu tinha ficado vermelha como pimentão na hora.
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Então assim foi, quando deu o sinal para a próxima aula, pediu-me para acompanhá-la. Agora sim eu estava nervosa, porém não disse nada e a segui até frente a sala do 6ºano, logo ao lado. Falou-me umas coisas, enquanto eu permanecia uma grande porcentagem de tempo com os olhos pregados no chão. Não tive coragem de dizer o que realmente me chateara. Disse que era para lhe procurar mais tarde e cada uma foi para um lado, rumo as suas tarefas. Com vergonha de falar, escrevi um bilhete, passando umas quatro vezes a limpo antes, dobrei, e hoje de manhazinha, quando não havia quase ninguém na escola, passei o bilhete por baixo da porta da sala dos professores, contudo tudo nele (exceto a parte que tentava agradá-la todo santo dia).
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Mas, ai, ai, ai, já está feito, eu bem sei, mas e se meu "recadinho" só piorar as coisas. Sorte que não tivemos aula com ela esta manhã, mas na segunda, eu vou TER que encará-la. E agora, droga? Ajudem-me, por favor! O que será que eu faço na hora?
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P.S.: Desculpem envolve-los nisso.